quarta-feira, 23 de maio de 2012

Laboratório de ponta: mais qualidade em autopeças

Parque Tecnológico de Sorocaba é mais uma ferramenta de inovação na indústria automotiva

por Mário Guitti, Superintendente do IQA

No início de junho a cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, se tornará a capital nacional da inovação em parques tecnológicos. Há tempos defendemos a ideia de que devemos investir mais neste tipo de empreendimento, principalmente nossa indústria automotiva, que precisa manter-se competitiva para não perder espaço para os produtos importados.

A inauguração do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) com vocação automotiva é um importante marco para a sociedade brasileira. O IQA – Instituto da Qualidade Automotiva estará lá, presente com estande institucional no evento de três dias que baliza esta nova etapa.

O PTS tem condições de abrigar uma iniciativa ainda inédita para nós: um laboratório independente onde podem ser realizados testes de homologação e certificação, além de pesquisa e desenvolvimento de peças e produtos envolvendo também o setor acadêmico. Esta é outra ideia que defendemos há tempos, pois somente com estrutura adequada (governo, indústria e academia) é que podemos desenvolver tecnologias de ponta.

Os grandes fabricantes de veículos já mostraram isso para nós. Alguns deles investiram no potencial da engenharia brasileira e colhem frutos em nível mundial. Países como Japão e, mais recentemente, a Coréia do Sul também ensinaram lição semelhante ao desenvolver a nação pelo investimento em educação e tecnologia. Hoje projetam, desenvolvem, manufaturam e exportam veículos para o mundo inteiro.

Vivemos um momento pelo qual temos batalhado há muito tempo. Tudo começou há mais de 15 anos, quando da fundação do IQA. Naquela época, já se antevia que era preciso trabalhar o mercado de autopeças de forma diferente, com a certificação compulsória para os componentes diretamente ligados a segurança veicular. Começamos bem, com os pneus, mas depois paramos. Agora, finalmente, retornamos.

Várias portarias do Inmetro deram início a um processo automático de preparação dos regulamentos de avaliação da conformidade (RAC) de componentes automotivos. Um dos exemplos recentes é a portaria nº 301 de 21 de julho de 2011 que instituiu a certificação compulsória de oito novos componentes automotivos: amortecedores, bombas de combustível para motores do ciclo Otto, buzinas ou equipamentos similares, pistões de liga leve de alumínio, pinos e anéis de trava (retenção), anéis de pistão, bronzinas e lâmpadas para veículos automotivos. Em outras palavras, assim que as normas ABNT para componentes automotivos ficam prontas, esses componentes cobertos pelas normas, já se qualificam para que o Inmetro analise, desenvolva e divulgue o RAC por meio de portaria específica.

O Comitê Brasileiro Automotivo de Normas Técnicas (CB-05) da ABNT trabalha a todo vapor para esse objetivo. A indústria brasileira entendeu que precisa normatizar os produtos não apenas para garantir qualidade (isso muitas já fazem com investimentos em processos, equipamentos e mão de obra qualificada), mas para garantir a sua participação no mercado em igualdade de condições.

Assim, a demanda por avaliações de conformidade de produtos tende a crescer e gerar oportunidade para investir em tecnologia e em novos produtos, com ciclo de vida devidamente estudados, que não agridam a natureza e devolvam a ela os recursos utilizados na sua fabricação após o descarte.

Este é, inclusive, outro assunto que vai tomar cada vez mais corpo no mercado, pois a sociedade (com participação especial das autoridades e do consumidor) está mais exigente com a destinação correta dos objetos. A coleta de pneus usados, assim como a restrição das sacolas plásticas nos supermercados, já é um indicador disso.

A sociedade está mais cuidadosa com o futuro do planeta. É preciso lembrar que a nossa frota precisa ser renovada de forma inteligente, com reciclagem dos veículos e não puramente o descarte sem compromisso. E, mais uma vez, faz total sentido o País ter um novo Parque Tecnológico com centros de desenvolvimentos e laboratórios independentes, onde qualquer player da indústria possa desenvolver tecnologia.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Inmetro amplia certificação de autopeças

Futuramente o número de linhas certificadas será muito mais abrangente, garantindo a tranquilidade do consumidor

(Publicado originalmente na revista Novo Varejo, abril/2012. Por Adriana Chaves, adriana@novomeio.com.br)

São Paulo, 25/04/2012 - A partir de janeiro do ano que vem será obrigatório, inclusive para importadores, a a certificação pelo Inmetro de mais oito componentes: amortecedores de suspensão, bombas elétricas de combustível para motores do ciclo Otto, buzinas ou equipamentos similares utilizados em veículos rodoviários automotores, pistões de liga leve de alumínio, pinos e anéis de trava (retenção), anéis de pistão, bronzinas e lâmpadas para veículos automotivos. Para que os fabricantes e importadores estejam aptos a cumprir o prazo, é importante iniciar já o processo de certificação de seus produtos.

Prazos

A obrigatoriedade foi estabelecida pela Portaria Inmetro nº 301 de 21/07/2011 e o processo leva até um ano. O cronograma estimado para padronização de uma autopeça dura por volta de 12 meses, desde o momento da solicitação de certificação até a entrega do certificado de conformidade.

Nos primeiros meses, o trabalho do fabricante e do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), que atua em nome do Inmetro na certificação, gira em torno de procedimentos como assinatura de contrato e análise da documentação da empresa. Uma varredura no Sistema de Gestão de Qualidade – quando há – detecta eventuais procedimentos fora do padrão. Se a empresa não possui SGQ, o cronograma salta para a etapa seguinte: amostragem e ensaio.

Nela o produto é analisado e testado em laboratórios credenciados, quanto é submetido a situações verossímeis com as que enfrentará no dia–a-dia. Aprovado nessa etapa, o produto ganha o selo do Inmetro, que tem validade anual. Embora ainda haja muitos produtos a contemplar, José Palacio, do IQA, explica que a cada ano uma nova relação de itens deve ser apresentada pelo Inmetro.

E, com isso, futuramente o número de linhas certificadas será muito mais abrangente, garantindo a tranquilidade do consumidor. O gerente de Novos Negócios do IQA, Alexandre Xavier, explica que o tempo para certificação, apesar de existir um cronograma estimado, pode ser mais ou menos rápido dependendo do comprometimento do fabricante. “Tem processo que demora duas semanas, mas outros levam bem mais tempo. Depende muito mais da empresa do que o IQA”.

Certificação Compulsória (em vigor)
  • 5ª roda / Pino Rei 
  • Amortecedores da Suspensão
  • Aneis de Pistão
  • ARLA 32
  • Bomba Elétrica de Combustível para Motores do Ciclo Otto
  • Brozinas
  • Buzinas
  • Câmara de Ar para Pneus de bicicletas
  • Capacetes para Motociclistas
  • Fabricação e requalificação de Cilindros GNV
  • Fluido de Freios
  • Lâmpadas Pistões de Liga Leve de Alumínio
  • Pinos e Aneis de Trava (retenção)
  • Pneus Novos
  • Rodas
  • Veículos Acessíveis
  • Vidros 
Certificação Compulsórias (previstas)
  • Baterias
  • Cintos de Segurança
  • Pastilhas e Lonas de Freios
  • Terminais de Direção, barras de direção, de ligação e axiais
  • Limpadores de para-brisas
  • Faróis, Espelhos, retrorefletores
  • Aditivos de Radiador
  • Polias e Tensionadores

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Aprenda a ser diferente em um mercado “comoditizado”

O que antes era negociado por unidade, agora é feito às centenas e milhares. Assim, o que diferencia um produto de outro é a qualidade do serviço agregado a ele

Por José Palacio – coordenador de serviços automotivos do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva)

Tenho acompanhado as notícias do setor automotivo com muita atenção, e percebido alguns movimentos interessantes de mercado, com a expansão da ideia de redes de postos autorizados de diversas marcas de autopeças. Este é um bom sinal.

Na Automec Pesados, feira voltada ao aftermarket de veículos comerciais, realizada em São Paulo no mês de abril, muitas empresas de autopeças anunciaram a intenção de montar uma rede, com objetivo de agregar valor ao serviço prestado pelo aplicador ao seu cliente.

Trabalhar em rede é um caminho muito inteligente. Aqui, no IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, atuamos com diversos tipos de redes de oficinas e varejos de autopeças, e sempre aprendemos novas formas de fazer negócios com mais rentabilidade e organização.

São empresas que já se atentaram para o fato de que, quando se trabalha em grupo, é preciso unidade e padronização na organização determinada pelos gestores da rede, avaliadas por um instituto isento, que aponta de fora para dentro onde estão as conformidades e, principalmente, as não-conformidades.

Este é um modelo que vale tanto para quem trabalha com veículos leves quanto pesados, ou até mesmo em ambos, na prestação de serviços ou comércio de autopeças.

O aftermarket automotivo brasileiro é ainda um setor em evolução, apesar de já existir há mais de 60 anos. Vivemos um período de transição tecnológica muito grande, com a adição cada vez maior de dispositivos eletrônicos nos veículos, além do aumento da velocidade da informação.

O que hoje é novidade nos veículos mais caros, amanhã equipará os populares, pois há uma tendência muito forte na indústria de redução de custos a partir do desenvolvimento de tecnologias que possibilitem produzir mais em menor tempo.

A isso, o mercado chama de “comoditização”. O que antes era negociado por unidade, agora é feito às centenas e milhares; todos têm acesso. Assim, o que diferencia um produto de outro é a qualidade do serviço agregado a ele. Por isso, um caminho é a formação de redes.

Certo é que mesmo as redes podem se tornar em breve um produto “comoditizado”, ou melhor, um serviço “comotidizado”. E ai, como fazer para se diferenciar? Esta é uma das missões da certificação de serviços automotivos de terceira parte, que por meio da filosofia de melhoria contínua, incentiva a busca de práticas novas e inovadoras para desenvolver o trabalho com maior eficiência e, consequentemente, melhor resultado.

É interessante notar que, dentro deste conceito, sempre há evolução, e isso ocorre porque o mercado é dinâmico e tem características de comportamentos específicos para cada fase, para cada momento, que pode ou não se repetir, de acordo com uma série de acontecimentos aleatórios.

Um deles é a atual fase da venda de veículos comerciais novos, zero km, que está em queda livre, em relação ao ano passado. Com certeza, o nível de serviços vai aumentar. Este era um movimento previsto por muitas montadoras e indústrias de autopeças, que se preparam para um aumento de demanda no aftermarket.

Porém, apenas irá aproveitar esta nova onda aqueles que se prepararam, se atualizaram e investiram. A boa notícia é que ainda dá tempo, pois, apesar de todo dinamismo, não é da noite para o dia que o mercado muda.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Bosch certifica linha de fluidos de freios


Quem acorda cedo, tem mais chances de prosperar, diz o ditado. Assim, a Bosch partiu para o ataque e tratou de certificar junto ao Inmetro, por meio do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, a linha de fluidos de freios comercializados no mercado de reposição.

Vale lembrar que esta certificação ainda é voluntária, e esta iniciativa da Bosch é sinal de respeito ao consumidor, uma vez que produtos certificados são uma garantia de qualidade.

Segundo a empresa, o certificado garante que a Robert Bosch implementa e mantém, satisfatoriamente, um processo de envase de "Líquidos para Freios Hidráulicos para Veículos Automotores".

fonte: http://reparadoronline.blogspot.com.br

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A qualidade e o novo regime automotivo

O incentivo ao desenvolvimento de pesquisa e inovação ajuda a combater o problema pela raiz, ao permitir aumentar a competitividade da nossa indústria

por Mario Guitti *

O novo regime automotivo divulgado recentemente pelo Governo Federal vai proporcionar aumento da quantidade de autopeças nacionais nos modelos comercializados no Brasil. Este é o tipo de boa notícia que precisamos ouvir com mais frequência. Há, porém, uma informação em meio a todo este processo que considero mais interessante: o incentivo ao investimento em pesquisa e inovação.

Simplesmente fabricar autopeças a partir de um projeto que já vem pronto pode se tornar uma ação puramente comercial e econômica, e pouco sustentável. Mas, incentivar o desenvolvimento de tecnologia e inovação demonstra avanço. Ainda somos um país que exporta muita “commodity” e importa manufaturado, e se queremos manter a quarta posição no ranking dos maiores mercados mundiais de automóveis, precisamos reverter este quadro.

O aumento de compra de manufaturados no setor automotivo está ligado, principalmente, a oportunidades econômicas causadas pelo câmbio e grande oferta de produtos por preços atraentes, mas também é resultado do “custo Brasil” e da falta de competitividade oriunda da desatualização tecnológica da nossa indústria. Neste ritmo, fica clara a ideia de desindustrialização do nosso parque fabril, e incentivar a compra de mais componentes nacionais é uma medida válida e que resolve uma parte do problema.

O incentivo ao desenvolvimento de pesquisa e inovação ajuda a combater o problema pela raiz, ao permitir aumentar a competitividade da nossa indústria. É neste ponto que nós, do IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, também trabalhamos quando abordamos a necessidade maior de produtos, sistemas e serviços certificados.

Nos mais de 15 anos de fundação do IQA, nos dedicamos em tempo integral para o aprimoramento da indústria automotiva brasileira, para que se torne competitiva, com qualidade acima de qualquer suspeita, em um mercado saudável e sustentável. Estes anos à frente da instituição, trabalhamos muito as parceiras internacionais e hoje, por exemplo somos os representantes oficiais no Brasil e Argentina da VDA/QMC, para ministrar cursos e distribuir os manuais técnicos, que acabaram de ser atualizados. Assim, em breve estarão disponíveis. A VDA 6.3, importante referência para cadeia produtiva de montadoras alemãs, já pode ser adquirida desde 10/2011 em português as novas edições dos manuais VDA 1, VDA 6.1 e VDA 6.5.

Para investir em pesquisa e inovação a indústria precisa começar pelo básico, que é ter processos e sistemas com qualidade assegurada. Dificilmente há inovação em locais onde os produtos saem defeituosos, sem engenharia, pois o princípio da inovação é a observação, a criatividade, o estudo. Temos como exemplo a seguir o da Coréia do Sul, que em menos de 15 anos se tornou um grande exportador de automóveis, inclusive para o Brasil.

O segredo deles foi incentivar o estudo, a formação de técnicos e engenheiros assim como o desenvolvimento tecnológico, para conseguir distribuir seus produtos para o resto do mundo. A nosso favor, contamos com um enorme mercado interno que está disposto a pagar o preço justo da tecnologia.

Está na hora de tirar do papel os projetos e planos de desenvolvimento da indústria automotiva brasileira, a criação de laboratórios comuns para todo setor, em um esforço entre academia, setor produtivo e governo.

Estamos otimistas com esta nova realidade, apesar do incômodo da alteração das regras em pleno jogo, mas esperamos sempre o melhor, que é trazer ao país e aos brasileiros uma realidade melhor, quando o assunto é automóvel. Somos importante para o mundo e para permanecer assim temos de desenvolver nossas competências ao ponto de não precisar quase sempre do resto do mundo para nos mantermos no topo.

* Mario Guitti é superintendente do IQA - Instituto da Qualidade Automotiva