A certificação de produtos ganha espaço na cadeia produtiva de veículos leves e pesados como forma de garantir a segurança e a qualidade das peças
por Ricardo Schneider Talhiari
A indústria automotiva brasileira é um forte vetor de crescimento econômico para o Brasil e o seu padrão de qualidade é um dos mais altos de todo o mundo. Por essa razão, cada vez mais a figura da certificação ganha espaço na cadeia produtiva de veículos leves e pesados, como forma de garantir a segurança e aferir as boas condições dos produtos.
Já há muitos anos, fabricantes de peças para automóveis buscam a certificação opcional de seus produtos no empenho de prover maior confiabilidade para seus clientes. Desde meados da década de 90, porém, vários itens do segmento passaram a ser regidos sob a ótica da certificação compulsória (obrigatória), como resposta ao Plano Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP), uma consequência da abertura de mercado promovida pelo governo.
A certificação, que é exigida pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), visa proteger o consumidor, pois trata da avaliação de um rol de requisitos mínimos de qualidade e segurança que um produto deve obedecer. Para isso, são verificados os tipos de materiais utilizados, o processo construtivo e outras condições previstas em normas técnicas vigentes e aplicáveis editadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Hoje, já são várias as peças automotivas que integram ônibus e caminhões e que precisam ser certificadas, como pneus, vidros, rodas e líquido para freios. E esse número tende a aumentar muito. Em julho deste ano, o Inmetro publicou a portaria nº 301, que define a certificação compulsória de autopeças destinadas ao mercado de reposição, como amortecedores de suspensão, bombas elétricas, buzinas, pinos de trava e lâmpadas, entre outros produtos.
O prazo final para que o varejo adeque seus estoques à nova norma é julho de 2014, quando seus produtos precisarão sair das prateleiras já com o selo de uma entidade certificadora. Antes dessa data, porém, a legislação definiu prazos para a fabricação e importação de produtos (janeiro de 2013) e para a comercialização das peças por fabricantes e importadores (junho de 2013).
A observação dos prazos para cumprimento dessa regulamentação é muito importante, pois implica na manutenção da cadeia de fornecedores nacionais e na garantia do percentual mínimo exigido pelo governo de componentes brasileiros nos veículos. Caso os fornecedores não se atentem aos prazos, as empresas fabricantes e montadoras serão obrigadas a importar peças para atender a legislação, o que pode prejudicar a formatação do mercado atual.
Um bom caminho para alcançar a certificação da cadeia automotiva no Brasil é pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), organismo sem fins lucrativos criado pela Anfavea, Sindipeças, Sindirepa e outras entidades. Por tratar exclusivamente de componentes para veículos, o órgão, que conta a autorização do Inmetro, é a escolha mais natural para o setor que busca a regularização.
O IQA foi criado para prover suporte a toda indústria automotiva, ajudando no oferecimento de produtos com qualidade para o consumidor. Com o IQA, a Scania pode utilizar os serviços de certificação para garantir que suas concessionárias atendam aos clientes de forma padronizada, o que para a marca é uma vantagem competitiva. Algumas montadoras de veículos leves já fazem isso e vêm obtendo muitos benefícios.
Weslei Nunes / Por Ricardo Schneider Talhiari, gerente do Laboratório de Materiais da Scania Latin America e membro do conselho diretor do IQA - Instituto da Qualidade Automotiva
(publicado originalmente no portal da revista Transporte Mundial, em setembro de 2011)
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