O IQA participou na abertura do evento, representado por Márcio Migues, diretor presidente, além de ter apoiado a ocasião patrocinando a pesquisa interativa - segue abaixo um pequeno resumo do que ocorreu:
Abertura Oficial
Participantes: João Guilherme Sabino Ometto, 2º vice-presidente da Fiesp; Paulo Butori, Presidente do Sindipeças; Renato Giannini, Presidente da Andap e Sicap; Francisco de La Torre, Presidente do Sincopeças-SP; Antonio Fiola, Presidente do Sindirepa-SP; Marcio Migues, Presidente do IQA; José Edison Parro, Presidente da AEA; Alfredo Peres, Diretor do Denatran.
Destaco a explanação de Alfredo Peres, que após questionamento de Paulo Butori, comentou o apoio público do Denatran e do próprio governo (citou o presidente Lula) para a Inspeção Técnica Veicular. Ressaltou porém a complexidade de um processo como esse, já em trâmite como projeto de lei, o que demandará inevitavelmente mais tempo para amadurecimento e real início. Parabenizou também o segmento de "aftermarket" automotivo, pela iniciativa do Programa Carro/Caminhão/Moto 100%.
Márcio Migues destacou em sua fala a retomada do plano de compulsoriedade de produtos automotivos no País, ferramenta fundamental da sociedade para prover mais segurança para o consumidor e concorrência mais leal de mercado. Essa iniciativa foi a motivadora da própria criação do IQA em 1995, e para a qual o Instituto estará plenamente preparado para apoiar as empresas.
Pesquisa Interativa
A pesquisa interativa foi patrocinada pelo IQA, e destacou questões relevantes para o mercado de reposição. Alguns resultados:
• Houve divisão relativamente proporcional na participação dos diferentes elos da cadeia aftermarket no evento, com predominância de fabricantes e oficinas mecânicas.
• Sobre as razões que impedem o desenvolvimento do aftermarket, mais de 60% do público apontou a guerra fiscal/incidência de tributos como principal problema.
• Como ponto forte do varejo atualmente, foi destacada a profissionalização dos colaboradores e logística.
• O investimento em qualidade foi um dos principais aspectos apontados como fundamentais para atendimento do aumento recorde da frota nos últimos anos.
• Como aumentar a capilaridade da reposição independente, devido ao aumento da demanda? Planejamento e "just in time".
• Como combater a pirataria? Integrar esforços do aftermarket independente, com montadoras e governo.
Palestra: Como é formada a cadeia produtiva do aftermarket na Europa, como estão atuando e quais recomendações podem transmitir para a América Latina, em especial para o Brasil.
Síntese: A Europa é um continente onde os países que o formam tem suas empresas que compõem o universo automotivo legislada a um bom tempo, seja do funcionamento de oficinas mecânicas, os regramentos comerciais de distribuição de autopeças, a comercialização de veículos, passando por movimentos como o Direito da Reparação (Right to Repair) e a preocupação com a proteção do design por parte das montadoras. Quais recomendações podem transmitir para a América Latina, em especial ao Brasil?
Palestrante: Hans Eisner, Presidente e CEO do Grupo Auto Union.
Perguntas e Respostas
Mediador: Rodrigo Carneiro, Diretor Comercial da Distribuidora Automotiva S/A e Vice-presidente da Andap e Sicap.
A palestra destacou as principais tendências na Europa para o aftermarket, segue abaixo as principais:O aumento crescente da tecnologia embarcada é um grande desafio para o aftermarket, obrigando o mercado a transferir cada vez mais conhecimento para atendimento da demanda.
Está em discussão a definição de requisitos comuns para padronização da Inspeção Técnica Veicular em toda a Europa.
A distribuição de peças originais para rede independente já ocorre, e deve crescer cada vez mais.
Vendas online de peças, com serviços agregados muitas vezes, já é uma forte realidade (eBay, Amazon já atuam nesse segmento).Foi destacada também a campanha Right to Repair, sempre em foco nos eventos dos últimos anos, que tem como principal mote viabilizar a escolha livre para o consumidor sobre onde direcionar seu veículo para reparo. Entre outras ações derivadas dessa iniciativa, hoje em dia as montadoras são obrigadas a fornecer informações técnicas para atuação da rede independente.
A conclusão principal dessa palestra e debate é o aumento crescente da necessidade de qualificação do mercado aftermarket, ocorrendo em paralelo com o aumento de agressividade na questão de preços, resultando em margens menores de ganho.
Ou seja:
As empresas precisam melhorar a gestão de seus clientes, considerando que os serviços tornar-se-ão cada vez mais caros.
e/ou
É hora de agregar valor (aumentando o lucro) através de serviços adicionais diferenciados, especialmente para oportunidades B2B.
Palestra: Inspeção Técnica Veicular / Carro 100%
Síntese: Diante da consolidação do programa de inspeção veicular e seus desdobramentos pelo país, faz-se necessária uma discussão mais ampla junto a cadeia produtiva de reposição com o objetivo de estarem preparados para o atendimento da inspeção técnica, agora no quesito de itens de segurança.
O setor deve garantir o abastecimento de peças, de sustentação da qualidade dos componentes comercializados, da capacitação comprovada na prestação de serviço e uma comunicação orientada para esclarecer os consumidores da importância da segurança nos veículos.
Comentários: Antonio Carlos Bento, Conselheiro do Sindipeças.
Sempre bastante direto e contundente, o tema foi tratado com propriedade por Bento, que também é diretor do IQA:
• 30% dos acidentes ligados a veículos automotores têm origem em problemas mecânicos.
• A manutenção preventiva é o caminho, aumentando a segurança dos usuários de veículos (e terceiros), e ampliando negócios para o aftermarket.
• A Inspeção Técnica Veicular já é realizada em quase 50 países, com resultados contundentes. A Costa Rica, um deles, possui índice de 2,8 mortes/10.000 acidentes, enquanto o Brasil convive com 12,4 mortes/10.000 acidentes - os índices da Costa Rica antes da ITV eram similares aos atuais do nosso País.
• É estimada a geração de 65.000 empregos com sua implementação (GMA).
Palestra: Estudos iniciais sobre a garantia das autopeças. Você pode contribuir muito! Apresentação de caso inovador no Brasil
Síntese: Os modelos de garantias adotados hoje no mercado atendem as necessidades dos consumidores? A garantia hoje é um ponto frágil da reposição? Padronização seria um caminho? Um estudo responsável da garantia de autopeças é de extrema importância, pois não se trata apenas da substituição de um componente, questões tributárias, qualidade, laboratórios de ensaios acreditados, entre outros formam um conjunto complexo em um mercado onde as especificações do veículo são altamente técnicas, enquanto sua reposição fundamenta-se comercialmente. Uma visão deste assunto é na relação com o consumidor, onde a oficina está no momento da verdade com o consumidor, o outro, é o processo de bastidor onde é envolvido o varejo, a distribuição e o fabricante.
Palestrante: Jeser Madureira, Gerente de Qualidade de Serviços da Valeo; Rodrigo Jimenez, Diretor Comercial da Mondial Assistance Brasil.
Painel de Debates
Mediador: Antonio Fiola, Presidente do Sindirepa-SP.
Participantes: Frederico dos Ramos, Diretor Comercial da Ginjo; Antonio Carlos de Paula, Diretor e Gerente Geral da Pellegrino; Helton de Andrade, Diretor da Internacional Peças; Ranieri Palmeira Leitão, Diretor Geral da Autopeças Leitão; César Garcia Samos, Diretor da Mecânica do Gato; Ricardo Paulino Ramos, Diretor da Auto Center Advanced.
A Valeo mostrou grandes diferenças e problemas que impactam na satisfação de toda a cadeia quanto a garantia (destacando-se distância fabricante - reparador, falta de capacidade varejo/distribuição de avaliar tecnicamente o problema).
Considerando esses problemas, a empresa buscou uma solução pioneira em serviços, através da Mondial Assistance que mostrou, entre outros dados, que apenas 31% dos veículos possuem algum tipo de seguro.
A ideia foi utilizar a estrutura da seguradora, com atendimento imediato e presencial, verificando o problema e realizando a troca, ou explicando didaticamente o erro na instalação.
Além do atendimento, esse esforço permite mapear regiões do País com mais carência de informações, evoluindo a qualidade em toda a cadeia.
Quase como um consenso, os participantes no debate afirmaram que o maior problema com as peças em garantia é a aplicação, ou seja, falta de qualificação de quem as instala. Porém foi reforçado que exitem situações de erro de fabricação também, e portanto o fabricante deve ser responsável quanto aos seus deveres e principalmente em relação ao consumidor final, normalmente o mais prejudicado.
Diversas sugestões acabaram sendo feitas pelo grupo, para melhoria da questão da garantia: credenciamento de varejistas (nota do IQA: a certificação poderia ser esse balizador), liberação de crédito imediato e acerto de contas após análise técnica, postos autorizados de fabricantes com pronto atendimento.
Case de sucesso no combate a pirataria
Síntese: A transformação de indústrias locais em distribuidoras de produtos importados não é uma novidades em nosso país. O que ocorre agora com o segmento de autopeças tem semelhanças com o que aconteceu com o setor óptico na última década. Espremidos pela competitividade mundial, a saída foi terceirizar a produção e o consequente crescimento na importação de produtos. Este ingresso de produtos não ficou restrito às empresas formais e de atuação idônea no mercado. As mais diversas ilegalidades, em especial o ingresso de produtos piratas, assumiu participação significativa junto aos consumidores. Entenda como a ABIÓPTICA – Associação Brasileira da Indústria Óptica, juntamente com o IMEPPI – Instituto Meirelles de Proteção à Propriedade Intelectual estão conseguindo reverter este cenário. Conheça este case de sucesso para que sirva de benchmarking para o setor automotivo.
Palestrante: Flávio Augusto Nunes de Meirelles, Presidente do IMEPPI – Instituto Meirelles de Proteção à Propriedade Intelectual.
O case em todos os aspectos mostrou uma clara relação com o setor automotivo, sendo uma grande referência de sucesso para as ações já em andamento.
Foi enfatizada a importância da normatização, padronização como barreira comercial, defendendo o mercado contra a ilegalidade.
A união da cadeia foi fundamental para o sucesso da ação: fabricantes, importadores, distribuidores e varejistas se uniram por um objetivo comum.
Uma das ações mais relevantes doi o auxílio às retenções/apreensões com a apresentação de Laudos de Autenticidade e Conformidade com Normas Técnicas de Qualidade - priorizando o Consumidor (mesmo sem certificação compulsória pelo governo, que facilitaria ainda mais o controle, já conseguiram significativo sucesso com essa frente de atuação).
Óculos são hoje em dia o produto com maior número de apreensões (17 milhões desde 2004), mesmo não sendo a prioridade do governo (que foca em cigarros). Tudo isso graças ao sucesso das iniciativas de toda a cadeia.
O aspecto da segurança, explorado na campanha junto ao consumidor, foi fundamental para a conscientização da sociedade (sugeriu mesmo foco para o automotivo, o que já vem ocorrendo).
Os produtos apreendidos são destruídos, mas depois reciclados, gerando outro benefício pro País. Concluiu sua apresentação reforçando mais uma vez a necessidade de união de toda a cadeia.
Palestra: "Qual o impacto da Nota Fiscal Eletrônica e que benefícios essa nova tecnologia trouxe para o mercado?"
Síntese: Como o instrumento da Nota Fiscal Eletrônica pode contribuir para uma competição mais equilibrada na reposição automotiva? Todos os elos da cadeia produtiva devem estar preparados, e seu negócio pode estar informal e suas chances de estar no mercado nos próximos anos é mínima. Vamos entender como pensa o órgão arrecadatório e nosso país para não deixar a imagem da reposição na condição de informal.
Palestrante: José Guarino, Radar Fiscal.
Perguntas e Respostas
Mediador: George Rugitsky, Conselheiro do Sindipeças.
Apresentação e assunto muito relevantes, com explanação sobre diversas informações bastante úteis para as empresas, concluindo com um recado definitivo: o mundo mudou (especialmente quanto aos controles fiscais, graças a tecnologia), e quem não se adequar não conseguirá sobreviver no mercado.
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