Em 15 anos de existência, o IQA - Instituto da Qualidade Automotiva já certificou mais de 1.200 empresas e 15.000 produtos
(reportagem originalmente publicada na revista O Mundo da Usinagem, maio de 2011, para a qual eu e Sergio Kina, gerente técnico do IQA, fomos entrevistados)
Na década de 1990, com a abertura do mercado brasileiro aos produtos importados, a indústria automobilística passou por uma transformação significativa. O consumidor passou a ter acesso a modelos mais modernos e com novas tecnologias. Mas esta iniciativa também permitiu a entrada de carros e autopeças sem qualquer garantia de qualidade – o que ocasionou uma competição desleal de preços entre empresas brasileiras e fabricantes internacionais pouco confiáveis.
Para proteger o mercado nacional deste tipo de importação, as indústrias do setor criaram em 1995 o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) – organização privada e sem fins lucrativos que completou 15 anos de operação no final de 2010. O instituto tem como objetivo avaliar se os componentes automotivos comercializados no Brasil atendem aos requisitos mínimos de segurança, além de verificar o impacto que estes produtos causam no meio ambiente.
Durante os processos de avaliação, são realizados dois procedimentos básicos. Inicialmente, técnicos do IQA realizam uma auditoria para verificar a qualidade da gestão, da linha de produção, da infraestrutura e também dos atendimentos de venda e pós-venda. Em um segundo momento, são analisados os produtos de acordo com as especificações necessárias. No caso de pneus – um dos produtos com certificação compulsória definida pelo Inmetro –, por exemplo, avalia-se características como dimensões, capacidade de carga e data de fabricação.
Hoje, o IQA mantém 140 colaboradores, incluindo a diretoria composta por profissionais voluntários. Até o momento, o instituto já certificou aproximadamente 1.200 empresas nacionais e internacionais, somando um total de 15.000 produtos certificados – pneus, rodas, cilindros de gás natural veicular (GNV), pastilhas de freio e vidros de segurança são alguns destes componentes.
Entre os principais serviços oferecidos pela instituição destaca-se a concessão de certificações como ISO 9001 (gestão da qualidade), ISO/TS 16949 (produção automotiva) e ISO 14001 (meio ambiente). Por meio de uma parceria com a organização TÜV Süd, o IQA também concede as certificações VDA 6.1 (norma alemã que avalia o sistema de gestão da qualidade) e OHSAS 18000 (saúde e segurança ocupacional). O instituto também oferece suporte às empresas durante a vigência do certificado.
IQA oferece treinamento a profissionais, publica literaturas técnicas e homologa componentes veiculares
"Caso uma empresa esteja envolvida em polêmicas em consequência do mau funcionamento de algum componente do veículo certificado pelo IQA, o instituto pode avaliar o componente para descobrir se realmente há algum defeito de fabricação ou se as falhas estão ocorrendo por mau uso do usuário", exemplifica Sérgio Kina, gerente técnico do IQA. Nesse caso, o instituto pode evitar que a empresa tenha prejuízos causados por um recall desnecessário.
Atuação abrangente
Com o passar dos anos, o IQA cresceu e passou a ampliar sua atuação, oferecendo outros serviços também destinados à promoção da qualidade dos produtos da cadeia automotiva. Entre eles estão o treinamento de profissionais qualificados, a publicação de literaturas técnicas, a homologação de componentes veiculares e a certificação de oficinas de reparação automotiva. "Atendemos todos os envolvidos no setor, desde empresas de usinagem até oficinas mecânicas", explica Alexandre Xavier, gerente de Negócios e Marketing do instituto.
O IQA é um órgão certificador brasileiro que atende especificamente o setor automotivo e também é a única organização não-montadora a ser membro permanente da Comissão da Qualidade da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Assim, o instituto tem acesso em primeira mão às principais exigências e discussões das montadoras de automóveis.
Da mesma forma, o IQA também é o único participante não-fornecedor de produtos em grupos similares promovidos pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), e pelo Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa), além de outras importantes entidades representativas do setor automotivo.
Por que certificar?
A certificação de um produto ou serviço representa, para os consumidores, a qualidade do item adquirido. No setor automotivo, este fator torna-se ainda mais importante, pois um item que não apresenta boa qualidade pode colocar em risco a vida dos passageiros que utilizam o veículo.
Para empresas como fabricantes de autopeças, por exemplo, as certificações também apresentam muitas vantagens. "A certificação pode ser vista como uma ferramenta de gestão, pois assegura que o nível de qualidade será mantido nos fabricantes, já que com ela serviços e produtos oferecidos serão avaliados constantemente", justifica Xavier. "Com as auditorias feitas para a concessão do certificado, a empresa tem uma avaliação concreta da qualidade de seus sistemas de produção e pode perceber como aprimorar suas operações", completa.
Outra vantagem é o diferencial que as certificações podem representar perante os outros fabricantes ou prestadores de serviço do mercado. Esta garantia indica aos consumidores que uma oficina certificada, por exemplo, utiliza os equipamentos corretos, mantém todas as ferramentas devidamente calibradas e emprega apenas profissionais capacitados para executar seus serviços.
Por fim, Xavier acrescenta que a certificação também pode funcionar como uma ferramenta de padronização. "Desenvolvemos a pedido da Fiat um projeto de padronização de 485 concessionárias da marca distribuídas pelo Brasil, garantindo assim que todas operassem com a mesma qualidade", exemplifica.
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