O principal desafio no mundo que vivemos hoje em dia é justamente a inovação, algo que só se torna possível por meio de pessoas capacitadas
por Mário Guitti
São basicamente três os diferenciais competitivos que uma empresa pode ter – produto, processo e serviço. Em cada um deles, entretanto, a mão de obra está diretamente envolvida. Ser competitivo no mundo globalizado significa continuar existindo e sobressair, de algum modo, aos olhos dos clientes e consumidores.
O desafio que se apresenta diante da magnitude dessa tarefa é justamente a inovação, algo que só se torna possível por meio de pessoas capacitadas. Em bom português, capacitar-se é tornar-se apto, habilitar-se, inteirar-se. Condições cada vez mais difíceis de alcançar nesse universo competitivo, veloz e cheio de novidades em que vivemos.
Façamos um exercício: se implantarmos o mesmo sistema de gestão da qualidade em duas empresas distintas e uma obtiver mais sucesso que a outra, o que pode estar gerando a diferença? É com certeza a mão de obra. Você consegue conceber a ideia de criatividade e tecnologia sem profissionais bem formados? Nesse aspecto, temos no Brasil um longo caminho a percorrer, um desafio enorme a enfrentar e uma oportunidade gigantesca na preparação da nossa mão de obra.
Consideremos os cerca de 38 mil engenheiros que o país forma a cada ano – apenas 11% vão para o setor automotivo, contra os 650 mil profissionais chineses que entram anualmente no mercado, os 220 mil formados pela Índia, e os 80 mil pela Coreia, países de economias emergentes e agressivos quando o assunto é ganhar espaço em negócios. No Brasil, apenas um a cada 800 brasileiros é universitário; 4,6% de todos os universitários são engenheiros, e 54% dos que entram em um curso de engenharia desistem no 1º ou no 2º ano.
Não adianta termos produtos, se não tivermos preparação, pois desse modo não teremos futuro. No que tange ao setor automobilístico, especialidade do IQA, temos expressado essa preocupação lançando cursos como oportunidade de aperfeiçoamento em toda a cadeia. Em nosso contato permanente com as empresas em sua busca pela certificação da qualidade para seus processos, produtos e serviços, sentimos na pele as dificuldades que se apresentam todos os dias aos profissionais.
Na área da qualidade, o déficit de preparação costuma ser ainda maior, pois é diretamente proporcional à velocidade com que as novas exigências do mercado se impõem, com toda a sua força e abrangência. Na perspectiva do IQA, ajustar os treinamentos para zerar as carências nos diversos elos da cadeia automotiva, é um exercício contínuo de superação, especialmente nos setores de aftermarket, permeados pela alta rotatividade de sua mão de obra.
Vivemos um Brasil que cresce à taxa de 6% ao ano, onde a profissão de engenheiro está em alta e estimativas falam na necessidade de 60 mil novos profissionais por ano. Longe de ser simples, a solução para o preenchimento de vagas nas escolas brasileiras passa pela cooperação entre o setor empresarial e a universidade, pelo treinamento para os recém-formados, entre outras ações, para que possamos formar profissionais capacitados e prontos para o mercado.
A capacitação é urgente e necessária para o País, e ainda há tempo de evitarmos um apagão de competências, para que a roda da prosperidade continue a nos favorecer.
Mário Guitti é superintendente do IQA–Instituto da Qualidade Automotiva
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