A partir do ano que vem os fluidos de freio de todas as marcas deverão constar em sua embalagem o selo do Inmetro, uma medida de segurança para mecânicos e consumidores
Por: Carolina Vilanova
Manter em ordem o sistema de freios de qualquer veículo significa preservar a segurança dos seus ocupantes. Simples assim. Tudo o que se refere a esse sistema, seus componentes e adjacentes devem estar na lista de prioridade dos mecânicos na hora da manutenção, checagem e aplicação de novas peças. Por isso é tão importante usar produtos de boa procedência, e de preferência homologados por órgãos competentes.
Mas se na prática não é bem assim que acontece, as coisas vão começar a mudar, pelo menos no que diz respeito ao fluido de freios. Tão importante quanto uma pastilha ou disco, o líquido agora passa a contar com certificação compulsória feita pelo Inmetro. Para saber um pouco mais sobre esse assunto, buscamos a ajuda do IQA (Instituto da Qualidade Automotiva), organismo de certificação acreditado pelo Inmetro com atuação exclusiva no setor automotivo, certificando empresas e produtos para cadeia produtiva e de reposição.
Em primeiro lugar uma pergunta muito importante: você costuma aplicar o processo de substituição de fluido de freio conforme a especificação do fabricante? Se sua resposta for sim, está no caminho certo, mesmo assim, não custa nada estar sempre atento, principalmente em novos fatos. Mas se a sua resposta for não, você precisa fazer mudanças e buscar parâmetros para trabalhar com qualidade e segurança. “São vários os tipos de fluido, para determinados sistemas e modelos de veículos, então, uma aplicação incorreta poderia render problemas para seu cliente”, analisa José Palacio, coordenador de serviços automotivos do IQA.
Ele explica que a certificação compulsória do fluido de freios é atualmente uma exigência do governo, e atinge toda e qualquer empresa que disponibilize ao mercado o Líquido para Freios Hidráulicos para Veículos Automotores, ou seja, fabricantes, envasilhadores, importadores e revendedores. “Essa exigência permite que o mecânico tenha mais segurança ao utilizar o fluido, já que os freios são itens de segurança”, comenta.
Certamente, a certificação do fluido de freios traz vantagens para a oficina por vários motivos. Em primeiro lugar porque vai dar um parâmetro a mais quando se falar em líquido para freios hidráulicos e vai aumentar a sua credibilidade perante o consumidor, cada vez mais exigente. Também é importante lembrar que na questão da vida útil de outros componentes do sistema, considerando principalmente a borracha, que podem ser danificados pelo produto de má qualidade.
Os mecânicos devem se atentar a essa portaria do Inmetro, de numero 078, de 3/2/2011 e seu anexo, Requisitos de Avaliação da Conformidade para Líquidos para Freios Hidráulicos para Veículos Automotores, que fala sobre o processo de certificação. “Essa portaria veio como uma barreira técnica para garantir que todos os produtos disponíveis no mercado atendam os requisitos mínimos de segurança e impacto ao meio-ambiente. É importante que o mecânico atente para esse detalhe e procure conhecer essa portaria, que pode ser baixada da internet”, orienta Palacio.
Não é tão simples assim
A troca do fluido de freios de um veículo é muitas vezes considerada simples de se fazer, mas na verdade não é bem assim. O procedimento está rodeado de questões de grande importância e que podem influir diretamente na eficiência do sistema e colocar em risco a vida dos ocupantes. A primeira é utilizar o produto certo e fazer a troca no tempo determinado pela montadora. É importante verificar o nível do líquido de freios a cada 30 dias e fazer a troca a cada 10 mil km ou 12 meses, o que ocorrer primeiro.
“O fluido de freio recomendado pelo manual do proprietário não pode ser substituído por outro. A especificação é classificada pelo DOT, que determina a eficiência do produto para cada tipo de carro. Quanto mais alto o DOT, maior a eficiência, por isso é proibido usar um DOT 3 quando o manual determina um fluido DOT 4 para o veiculo”, diz.
Outro ponto importante é em relação ao superaquecimento do sistema, que cria umidade interna provocando a perda da função de frenagem, por isso é importante o uso do equipamento para medir o teor de umidade e ponto de ebulição. Além disso, na troca, o técnico deve usar o método adequado, com equipamentos e ferramentais corretos, como o sangrador pneumático, respeitando sempre a seqüência de sangria das rodas. Nesse momento é essencial checar também todos os componentes para ver se não há vazamentos nos circuitos.
“Devemos lembrar ainda que não é indicado completar o fluido de freio, pois se está abaixo do nível, algo inadequado ocorreu. Deve ser feita uma inspeção na oficina para verificar as reais causas do baixo nível, pois não é para o nível baixar sem motivo aparente. Nesse caso pode haver um desgaste de pastilha, do disco ou ainda um vazamento no sistema. Atentar também sempre para a data de validade do fluido”, afirma o coordenador.
Mais uma dica é sempre certificar-se de que o reservatório está bem fechado. “O mecânico pode aplicar um produto novo, mas se o reservatório não estiver vedado corretamente, o fluido que é um produto higroscópico vai absorver água, podendo provocar falhas no sistema de frenagem. Durante o uso constante, o líquido aquece e esfria, e as gotículas de suor provenientes desse processo se misturam com o líquido fazendo perder a sua eficiência, daí, a necessidade de ficar atento efetuando a medição do teor de umidade”, comenta Palacio.
- Verificar se o produto é certificado por organismo acreditado pelo Inmetro (o IQA é um deles).
- Modo de usar: Siga as recomendações do fabricante do veículo.
- Não reutilizar esta embalagem para outros fins.
- Recomendações Gerais (conforme item 4 da ABNT NBR 9292)
- Líquido higroscópico – armazenar em local seco, ventilado e protegido do sol
- Evitar derramar sobre a pintura do veículo
- Evitar o contato do produto com óleo mineral, graxas e outros materiais
- Verificar o nível do líquido no veículo pelo menos uma vez por mês
- Substituir o líquido do veículo a cada 12 meses
- Evitar o contato com lonas e pastilhas de freio
O que é verificado na certificação
Durante o processo de certificação do sistema de freios, muitos itens são pesquisados e testados para que atenda as especificações da norma. São feitos ensaios quanto ao teor de água, ponto de ebulição e a perda por evaporação do produto. “Esses ensaios servem para verificar a qualidade do produto, pois pode acontecer do fabricante ter armazenamento inapropriado, pode ter embalado o produto alterado, entre outros fatores. O ensaio também checa se os requisitos estão sendo estabelecidos pelo fabricante”, analisa.
A certificação passa a ser obrigatória para fabricantes, emvasilhadores e importadores a partir de fevereiro de 2012. Já os revendedores têm prazo mais extenso por conta do estoque: fevereiro de 2014. “Fique atento para os lotes de fluido em estoque na sua oficina, que têm apenas 48 meses de validade para comercialização, à partir de agora.
(publicado originalmente na revista O Mecânico, junho de 2011)
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